À algum tempo que não escrevia umas linhas. O tempo até tem abundado de certa forma mas não as idas para esticar linhas.
Desde que foi possível novamente esticar linhas e lançar chumbo que não senti o peso da grade na verdadeira Ascensão da palavra. Pesqueiros novos, novas formas de olhar o mar e as praias, outras formas de entender a pesca e lidar com situações menos agradáveis. A impossibilidade de poder desfrutar da magia da pesca por imposição legal fez com que sentisse falta até do desafio de fazer uma montagem no breu da noite com vento e os dedos gelados!
Os exemplares que procurava não se fizeram notar, porém apareceram algumas surpresas como as fanecas que nunca tinha tirado ao surfcasting. Nas jornadas que fui a presença constante foi de juvenis bem gulosos, alguns até dentro das medidas legais de captura mas não dentro das minhas medidas para darem entrada na geleira. Como tal foram libertados.
Peixes destes não têm justificação para não voltarem para o mar. Podem e devem atingir tamanhos bem mais generosos, com algo de jeito para comer e principalmente poderem fazer no mínimo uma desova e perpetuar a espécie para que haja o que pescar amanhã. Os stocks estão a diminuir de dia para dia, por várias razões não sendo o pescador lúdico/desportivo o maior causador, o que não deixa de ser mais um, e a bem da verdade , o mal maior praticado por uns não justifica que se faça parte dele apenas por ser menor.
O confinamento teve o seu lado positivo para os oceanos. O peixe teve direito a descanso, a desova do robalo foi certamente mais calma ainda que os profissionais não tenham parado, as pedras encheram de comida para os nossos peixinhos e têm saído bons exemplares de modo geral. Quanto a mim, só tenho dado com maternidades, dando alguma diversão e actividade às jornadas, mas como dou primazia à qualidade em vez de quantidade, venho de mãos a abanar mar de alma tranquila, e noites bem agitadas como tipicamente os pequenos nos sabem dar.